A dor do divórcio
Nunca ouvir falar que alguém casasse com o objetivo de separar. DIZEM que separar já não é mais um problema para muitos e que desistir da relação, dos sonhos, dos projetos, tornou-se uma prática SEM DOR. O amor acabou, ele mudou muito, ela não é mais a mesma, ele só pensa no trabalho, ela só olha para as crianças e muitas outras, são discursos que autorizam o outro a desistir do casamento. É importante lembra que momentos doloridos irão existir.
Pensar no divorcio consiste também em avaliar planos futuros: A vida sozinha, o lugar dos filhos (quando estiver), a vida financeira, fazer o luto pelo casamento e pela família, implicar-se no processo de deterioração do casamento e caminhar para frente sem rompimento com o passado. Quando o divórcio não é consensual o processo é sofrido, custoso tanto no financeiro como no emocional.
Todas essas reflexões/decisões são geradoras de tensões para ambos. Irão existir situações mais intensas como no momento de se separar, anunciar para família, falar sobre arranjos financeiros e visitação dos filhos, no dia da saída de casa, no dia do divorcio real.
Após isso, haverá o momento da recuperação do Eu, lidar com a raiva, com a culpa e com a vergonha. Trabalhar esses sentimentos viabilizará o seguimento de vida saudável, abrindo portas para novos relacionamentos.
Para que o processo ocorra de forma saudável os cônjuges precisam:
- Aceitar a participação no fracasso,
- Buscar resolver de modo cooperativo os problemas da separação,
- Trabalhar o luto pela perda da família,
- Poder realinhar as esperanças e os sonhos com as famílias ampliadas (pais, avos, tios, irmãos).
Bem, a separação pode ser uma prática na contemporaneidade, porém a dor e os problemas continuam sendo os mesmos do passado. Não há separação sem sofrimento!
A vivência do sofrimento é legal, legítimo e promove crescimento. Não se trata de apologia a dor, mas, sobretudo, de experimentar a dor como algo real e humano. A negação do sofrimento não é uma forma saudável de atravessa-lo. Os sentimentos só serão transformados se forem vivenciados, elaborados e compreendidos.
Andréa Pontes